´O protagonismo estudantil é o elemento central do FLIÉ´

Escritora e curadora Elisa Oliveira
Divulgação

O I Festival Literário Estudantil do Litoral Sul (FLIÉ), um evento de grande porte e importância, acontecerá nos dias 10 e 11 de julho, das 9h às 20h, no Colégio Estadual de Tempo Integral Professor Carlos Roberto Arléo Barbosa, em Ilhéus, Sul da Bahia. Com entrada franca, o festival terá público estimado em 4 mil pessoas das redes pública e privada, com programação diversificada que inclui exposição, venda e lançamento de livros, homenagens a personalidades locais e participação de autores e outras figuras de destaque que contribuem para o incentivo à cultura e formação de leitores. Nesta entrevista exclusiva para o JBO,  a Curadora e Produtora Executiva do FLIÉ, Elisa Oliveira, fala sobre a importância do evento para a cultura regional.

Qual o tema escolhido para este primeiro festival?

A temática geral é ‘Africanidades: ler é ancestral. Tecnologia de resistência’. Este tema está relacionado aos objetivos do nosso evento que são o debate, a experiência e a reflexão sobre o letramento racial crítico a partir da oralidade, da literatura, da oralitura, da arte, da leitura e da escrita. Vamos viabilizar a divulgação e circulação de obras locais, em lançamentos de livros, aproximar escritores, leitores, editores, pesquisadores, livreiros, booktoks, booktubers e profissionais dessa cadeia produtiva. Esperamos contribuir com a formação cultural da comunidade escolar e entorno, criando pertencimento e impactando no desenvolvimento escolar, no bem-estar mental e nas relações interpessoais, competências socioemocionais essenciais na formação integral.

E a programação disponível ao visitante nos dois dias de evento?

O FLIÉ terá em sua programação rodas de conversa, oficinas, palestras, performances artísticas e culturais, projetos estruturantes, atividades para as infâncias, espaço das editoras baianas e feirinha de livros de autores baianos independentes, Programa Bahia sem Fome, Feira de Agricultura Familiar, artesanato e pequenos empreendedores. O espaço que vai abrigar toda essa oferta de atividades, no Colégio Estadual Arléo Barbosa, inclui 20 salas de aula, o teatro e camarins, a biblioteca e o mezanino, o hall, os pátios interno e externo e a quadra poliesportiva. Ações integradas Itinerantes estão programadas para acontecer nas periferias. Para quem quiser ir acompanhando os posts com novidades sobre o festival é só acessar: @flie.oficial (tik tok e instagram).

Qual o papel dos jovens no FLIÉ? O protagonismo estudantil é um objetivo?

O protagonismo estudantil é o elemento central do festival. Guiou sua concepção e conduzirá também a execução de todas as atividades do evento, que surgiu a partir da provocação de alunos do Colégio Estadual Arléo Barbosa. Eles sonharam e ajudaram a transformar o FLIÉ em realidade. O festival permitirá que a aproximação dos estudantes em relação à literatura e cultura afro-brasileiras não aconteça apenas como conteúdo escolar, mas de forma mais completa, como expressão de suas realidades e possibilidades futuras. Será uma experiência importante como protagonistas, o que cria uma base para novas realizações a partir do evento.

Haverá espaço para o público infantil?

Sim, o Fliézinho é um espaço pensado especialmente para as crianças e é coordenado pela escritora Kali Oliveira. A programação, lúdica, divertida e formativa, é composta por contação de histórias, brincadeiras, bate-papo com escritores de literatura para as infâncias e lançamento de livros. Contamos com a participação do PROLER, de escritores locais como Luh Oliveira e escritores nacionais como Kalypsa Brito e Marcos Cajé.

Qual a previsão de público?

A expectativa de público é de cerca de 4mil pessoas, com alvo em crianças e jovens, estudantes das redes estadual, municipal e particular, da educação básica, do ensino superior, comunidades escolares e acadêmicas, escritores, intelectuais, profissionais da cadeia de produção literária, artistas de diversas linguagens, os povos originários, povos tradicionais e o público em geral. Pelo caráter territorial do evento, haverá participação de representantes de unidades escolares de Itabuna, Itacaré, Uruçuca e Canavieiras, cidades circunvizinhas a Ilhéus.

Quem participará do evento?

Serão mais de 30 autores, entre locais e nacionais. A programação conta com autores nacionais, como Eliana Alves Cruz, roteirista (Disney+ e Paramount+), jornalista, apresentadora (TV Brasil) e escritora (Prêmio Jabuti Contos 2022). Seu livro O crime do cais do Valongo (Malê, 2018) foi um dos melhores do ano pelo jornal O Globo e semifinalista do Prêmio Oceanos; Estevão Ribeiro, escritor, quadrinhista, roteirista audiovisual das séries Cidade de Deus (HBO), Pai é Pai (GNT) e 5X Comédia (AMAZON); Jef Rodrigues, MC, DJ, professor de Filosofia, Arte-Educador ilheense e membro fundador da Banda OQuadro e Renato Noguera, graduado e doutor em Filosofia (UFRJ) e mestre em Filosofia (UFSCAR). É pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Leafro) e coordenador do Grupo de Pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Infâncias (Afrosin).

E os homenageados? Quem vai receber esse destaque? 

Somos privilegiados em receber autores nacionais e regionais, pessoas inspiradoras com trajetórias que ajudam a transformar outras vidas com a sua arte. O FLIÉ homenageará os ilheenses Tarsilla Alvarindo, repórter da TV Bahia, e José Carlos Arandiba (Zebrinha), coreógrafo, professor e bailarino reconhecido internacionalmente, jurado técnico do quadro Dança dos Famosos, do Domingão com Huck. Serão homenageados também Mãe Ilza Mukalê, Mestra Lainha, Ruy Póvoas, e faremos uma homenagem in memoriam a Mestre Virgílio, Reizinho e Conceição Lopes. Estas pessoas trazem em suas profissões e jornadas pessoais a relação com a literatura, a escrita, as múltiplas linguagens e a comunicação, são exemplos do que é possível a partir de uma formação leitora. 

Quais os apoios e parcerias que tornaram possível a realização do festival?

São parceiros do I Festival Literário Estudantil Litoral Sul (FLIÉ) o Colégio Estadual de Tempo Integral Professor Carlos Roberto Arléo Barbosa, o Núcleo Territorial de Educação 05, a Representante Territorial de Cultura Mestre Janete Lainha, a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), o Instituto Federal da Bahia (IFBA), a União de Negras e Negros pela Igualdade (UNEGRO), o Movimento Negro Unificado (MNU), Povos de Terreiro, Quilombolas, Povos Originários e a Academia de Letras de Ilhéus.

Este projeto foi contemplado no Edital de Apoio às Festas, Feiras e Festivais Literários (nº 01/2024), por meio do Programa Bahia Literária, com o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Educação e da Secretaria de Cultura, via Fundação Pedro Calmon.  O edital é direcionado à modalidade de fomento à execução de ações culturais, conforme o Decreto Federal nº 11.453/2023, a Política Estadual de Cultura (Lei n.º 12.365/2011), o Plano Estadual de Cultura (Lei n.º 13.193/2014), o Plano Estadual de Educação da Bahia (Lei n.º 13.559/2016) e a Lei Federal nº 14.133/2021.  O projeto conta ainda com o apoio cultural do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), vinculado à Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio da Rádio Educadora FM e da TVE Bahia.